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Solar das Bouças – Wine & Art: a vida pintada e esculpida numa garrafa de vinho
Uma casa senhorial do século XVIII é, hoje, a porta de entrada para uma das mais respeitadas casas produtoras de vinho verde. O Solar das Bouças - Wine & Art, situado em Amares, Braga, alia o enoturismo à arte e convida os visitantes a usufruírem da natureza e a descobrirem raridades artísticas.
17 de outubro 2024
Contemplar a existência a partir da serenidade de uma vinha ajuda a pô-la em perspetiva: permite encontrar-lhe saídas nas parcelas que parecem labirintos, ajuda a percecionar as áreas periféricas da existência, a encontrar cor no monocromático do verde e a descobrir vozes nas folhas que abanam com o vento.
Esse exercício da quietude é, afinal, o segredo da arte de repousar. Se entendermos o repouso como a libertação do que nos tolda a paz interior, a libertação do que idealizamos, do que expectamos e do que desejamos, para fruir, apenas, do que vemos à nossa volta, estamos no lugar certo. O Solar das Bouças – Wine & Art, mais do que um espaço de repouso, é uma experiência na sua plenitude.
Esta propriedade, situada em Amares, no distrito de Braga, estende-se por 34 hectares, 21 dos quais são vinhas. É composta por um solar – uma imponente casa senhorial que remonta ao século XVIII, à época rodeada de pequenos bosques ou bouças espalhados pela propriedade. Hoje, essa casa senhorial está transformada numa unidade hoteleira, da qual também fazem parte duas outras casas de alojamento e uma piscina, rodeadas de fileiras de vinhas de perder a vista. Os quartos e suites são espaços amplos e acolhedores com alcance visual não apenas sobre as vinhas, mas também sobre o rio Cávado, num serpenteado natural que arrebata o olhar.
As vinhas afirmam-se como o ex-libris desta propriedade, outrora património da família Van Zeller, mas hoje propriedade de uma sociedade de investimentos liderada por António Ressurreição. Em anos normais, aqui, são produzidas cerca de trezentas toneladas de uva branca, nomeadamente da casta Loureiro, que é a principal produção da quinta, mas também de Alvarinho e de Arinto. João Lago, o agrónomo responsável pela quinta, explica que o Solar das Bouças só vinifica “cerca de 80%” da produção” e que “vende a restante uva que não é necessária para vinificação própria”. A exportação é o principal destino do vinho aqui produzido, sendo “os Estados Unidos o principal mercado, mas também Noruega, França e Israel”.
António Ressurreição, o proprietário do Solar das Bouças – Wine & Art, acrescenta que “o Solar da Bouças, conjuntamente com o Palácio de Brejoeira, em Monção, foram as duas primeiras casas a colocarem no mercado vinhos com marca própria, os chamados vinhos de quinta” e que o conceito passa por “trabalhar exclusivamente a partir das uvas produzidas dentro da quinta, não adquirir um único bago ou um único litro de mosto do exterior”, potenciando um “controlo total sobre todo o processo”, desde a vinificação, até ao engarrafamento, que também são feitos na quinta.
Rostos dialogantes
E se as vinhas são a marca identitária desta propriedade, a arte é o adorno que a complementa. Porque uma das características que a diferencia este espaço em relação aos demais é a simbiose entre o enoturismo e a arte. O interior e o exterior do solar estão repletos de pinturas e esculturas de rostos que parecem dialogar com os visitantes e com a natureza e de telas de paisagens diversas.
Destacam-se uma galeria de arte, com várias obras para venda ao público e com peças de conceituados artistas, pintores e escultores, como João Cutileiro, Júlio Resende, Bual, Mário Rocha e Graça Morais. Há também um Espaço Fernando Pessoa que acolhe uma coleção particular de trabalhos de vários artistas alusivas ao poeta português, incluindo desenhos da autoria de Júlio Pomar, e alguns objetos que fizeram parte do acervo do próprio escritor, adquiridos em leilão pelo proprietário do Solar das Bouças. Entre esses objetos estão, por exemplo, canetas que Fernando Pessoa usou para escrever.
Mas a jóia do interior do solar é um espaço desconhecido pela maioria dos portugueses. Trata-se da capela privada e do Espaço Cutileiro, que exibem cerca de quarenta trabalhos do escultor João Cutileiro. Entre essas obras está “O Crucificado”, uma rara imagem de Cristo, porque é o único Cristo criado pelo escultor com grandes dimensões como a que este apresenta. É feito numa pedra de mármore preta, serrada, não polida, que ganha tonalidades diferentes e que provoca sensações e interpretações diferentes conforme a luz do dia que nela bater. O altar e as 12 estações da Via Sacra fixadas nas paredes também são da autoria de Cutileiro. Além disso, estão também expostas peças de mármore com representações de peixes, semelhantes a arte rupestre, esculturas e desenhos de João Cutileiro.
No exterior do solar, sobressai uma espécie de caminho romântico, com cedros de um lado, vinhas do outro e esculturas de rostos esculpidas em pedaços de um grosso tronco de uma árvore, da autoria do escultor Paulo Neves. O artista explica que esses sete rostos, com 1,50m de altura cada um, “foram uma forma de salvar, ressuscitar e dar uma nova vida a um pinheiro manso que existia na propriedade e que foi derrubado por um temporal”. Com efeito, a tempestade Elsa, de 2019, fez tombar esse pinheiro manso com vinte metros de altura e 1,50m de diâmetro, pelo que o escultor foi desafiado a transformar essas dez toneladas de árvore. Cortou o tronco em pedaços, recorrendo a motosserras, rebarbadoras e outras ferramentas, para criar “caras a dormir, a meditar, a sorrir ou a contemplar a paisagem do Solar das Bouças”. As imagens desses rostos fazem, aliás, parte dos rótulos de uma das edições dos vinhos produzidos nesta quinta.
António Ressurreição justifica esta junção das vinhas aos artistas, dizendo que “o vinho é uma arte em si” e que “fazer um bom vinho é uma arte”, pelo que “as condições encontradas nesta quinta dão sentido a essa ligação e associação entre o vinho e a arte”. O investidor entende, por isso, que seria “um desperdício não trabalhar todas as valências” que a quinta proporciona.
Além da visita à capela, à galeria de arte e às várias salas de exposição, a experiência proporcionada pelo Solar das Bouças – Wine & Art inclui, ainda, provas de vinho das castas Loureiro e Alvarinho, de colheitas selecionadas, jantares vínicos e visita à adega do solar, onde é possível observar garrafas de autênticas relíquias nacionais e estrangeiras, algumas com décadas ou mesmo séculos. É o caso de uma caixa de cinco garrafas de Grand Napoleon, produzido em França, em 1811.
Os visitantes podem, igualmente, participar em degustações de produtos biológicos produzidos na quinta do solar (como é o caso de compotas de amora, de figo de uva branca, de uva de Loureiro ou compota de amora com vinho Loureiro), fazer percursos pedestres pelas vinhas da quinta até às margens do rio Cávado, observar o rio a partir dos pontos mais elevados da quinta, comprar vinhos e compotas na loja do Solar. Os hóspedes podem também participar nas vindimas, como aconteceu, este ano, com um casal de israelitas que esteve alojado neste solar.
A piscina exterior, o extenso jardim e os equipamentos exteriores para fazer churrasco permitem aos visitantes desfrutar de momentos de relaxe, depois das caminhadas, dos passeios de bicicleta ou da atividade de pesca que é possível fazer nas imediações da propriedade, igualmente apta para a celebração de casamentos, cerimónias privadas, organização de eventos e de atividades corporate, como o team building.
Que bom gosto. Gosto.
Obrigada ☺️
As imagens e o vídeo mostram um espaço de grande tranquilidade e bom gosto. Estive a ver os preços e não acho nada fora do normal. A visitar em breve.
Cá a esperamos ☺️☺️
Há dias fomos jantar em família a um restaurante em Braga. Para nosso espanto o senhor recomendou um vinho verde da região. O alvarinho. Ficamos encantados. Agora ao ler vejo que é desta quinta. Muitos parabéns!
Cara Maria, agradecemos imenso as suas palavras. Será muito bem vinda ao nosso espaço e sempre que desejar o nosso vinho pode também encomendar pelo site.